Total de visualizações de página

Presídio superlotado - Quase metade dos detentos trabalha para remissão de pena, outros recebem até salário

À medida que cresce a violência em Montes Claros e região, diminui o número de vagas no presídio Regional da cidade, atualmente superlotado, com 920 presos para 592 vagas. O crime de tráfico de drogas lidera a lista de presos, seguido por roubo, homicídio e furto. 
O quadro é bem semelhante em outras cidades do Estado, que também convivem com superlotação carcerária. Segundo o diretor José Pedro Oliveira, não existe vaga sobrando em nenhuma cadeia em Minas.
– Montes Claros é uma cidade pólo e por isso recebe muitos presos de fora, inclusive presos doentes para serem custeados aqui, pois contamos com a compreensão e presteza dos hospitais e profissionais da área da saúde – explicou.
O Presídio Regional construído em 2007 e considerado um dos mais seguros do Estado, segundo Oliveira, conta com 638 presos provisórios – aqueles que foram detidos em flagrante, mas ainda não foram a julgamento, 269 detentos condenados por crimes diversos e 13 presos em regime aberto e semi-aberto.
Na semana passada, um dos sistemas de segurança do presídio detectou três tentativas de entrada de droga na unidade. As pequenas quantidades de maconha foram enviadas para presos a partir de sedex, via Correio, e estavam escondidas no calcanhar de chinelos de dedo.
Segundo o diretor Oliveira, o presídio está aliado à tecnologia e possui diversos meios para tentar barrar a entrada de objetos no local. Dentre as tecnologias disponíveis estão aparelho de raio x, porta detectora de metal, banqueta detectora de drogas, metais e armas, controle de biometria e revista com detector móvel.
– Mesmo com todo este aparato, ainda temos casos de pessoas sendo presas tentando entrar na unidade com objetos proibidos. Mulheres com droga nas partes íntimas e peças de roupas já foram flagradas na revista. Recentemente, uma mulher foi presa após tentar entrar no local com celular e drogas na parte íntima. Ela envolveu o material em papel carbono para tentar driblar o raio x e mesmo assim a droga foi detectada – contou.
A novidade no presídio para os próximos dias é o cachorro da raça Pastor Belga de Malinois. O cão é farejador e está sendo treinado para localizar celulares e drogas dentro das celas, e nas imediações da cadeia. O presídio já conta com canil e quatro cães das raças Pastor Alemão, Labrador e Rottweiler usados em banho de sol, tumulto externo e outros tipos de rondas
Para aqueles visitantes que forem pegos levando droga ou outro tipo de material para os presos, Oliveira explica que a regra é simples e rígida.
– Eles são descredenciados, perdem o direito de visita ao presídio não só em Montes Claros, mas em todo o Estado. A pessoa é retida e chamamos a PM – frisa.
Questionado sobre possível envolvimento de agente ou outro funcionário do presídio em crimes de desvio de conduta ou corrupção, Oliveira explicou que não há como afastar o risco já que existem 210 agentes penitenciários no local. Mas garante que quem for pego será penalizado.
– Ainda com todo o suporte de segurança, às vezes somos surpreendidos por celulares dentro de celas. Aqui já demitidos dois auxiliares de enfermagem por participarem de corrupção. Quem for descoberto responderá pelos seus atos, tomaremos as devidas providências. Abominamos pessoas desonestas no nosso meio – avisa.

Trabalho para reduzir pena
Cada preso custa ao Estado cerca de R$ 2 mil, que engloba entre outros gastos, segurança, defesa e alimentação. Para tentar minimizar os gastos com o sistema prisional, muitas cadeias, penitenciárias e presídios adotam o trabalho para a remissão de pena dos detentos. Outros presos, com um pouco mais de sorte conseguem receber o salário ao final do mês.

Presos trabalham em fábrica de bloquetes e premoldados no presídio regional
Em Montes Claros, cerca de 400 homens trabalham em diversos setores do presídio, também chamados de frente de trabalho para reduzir o tempo de prisão. Segundo o diretor Oliveira, o Estado não paga os presos, quem  paga são as empresas terceirizadas parceiras do presídio.
- Trabalhamos para um preso humanizado. Damos oportunidade de trabalho e de estudo para os presos que se interessam e querem construir uma nova vida – disse.
Oliveira salientou que os presos que recebem salário mínimo, ficam com 1/3 do dinheiro (depositado em conta corrente), outro 1/3 fica na conta do Estado e a última parte é depositado em conta judicial, só sendo liberado quando o detento sair da prisão.
No presídio de Montes Claros há presos que prestam serviço na lavanderia, refeitório, serralheria, padaria, jardinagem e fábrica de pré-moldados e bloquetes. De acordo com o agente Costa, que coordena este último setor, mais de 20 presos fabricam diariamente 320 meios fios e 1400 bloquetes por dia.
– Todo o material é vendido por empresa terceirizada para prefeituras da região – revelou.
Há três anos na diretoria do presídio regional, Oliveira acredita que o trabalho ainda pode melhorar e que a maior avaliação vem da sociedade.
– Assim que cheguei encontrei um grupo desagregado. Conseguimos unificar, e fazer as coisas acontecerem como melhoria no núcleo penal, setor de logística e viaturas e entrosamento com o juiz de execuções – finalizou.

Fonte: onorte.net

Nenhum comentário:

Postar um comentário