'Temos que prestigiar o policial', diz Bolsonaro ao defender texto que
isenta militar de punição
Projeto foi enviado nesta quinta-feira (21) e dá tratamento diferenciado
a atos ilegais de policiais e de militares em operações de Garantia da Lei e da
Ordem (GLO).
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta
sexta-feira (22) que é preciso “prestigiar” os policiais e disse que “qualquer
problema é culpa da polícia” ao defender o projeto enviado por ele ao Congresso que isenta de punições militares e policiais que
atuam em operações de Garantia da Lei da Ordem (GLO).
A declaração de Bolsonaro foi dada em
entrevista na saída do Palácio da Alvorada e foi em defesa da proposta do
chamado excludente de ilicitude, apresentada nesta quinta-feira (21) pelo
governo.
As operações de GLO dependem de
autorização do presidente da República e concedem provisoriamente às Forças
Armadas o poder de polícia.
Em busca de “segurança jurídica”, o
projeto estabelece regras para eventual isenção de atos ilegais, cometidos
contra criminosos, feitos por militares e agentes vinculados à União e aos
estados:
·
Forças Armadas
·
Força Nacional de Segurança
·
Polícia Federal
·
Polícia Rodoviária Federal
·
Polícias Civis
·
Polícias Militares
·
Corpos de Bombeiros Militares
Nesta sexta, Bolsonaro não quis fixar
um prazo com a expectativa de quando Câmara e Senado aprovarão o projeto de
lei.
“Eu não posso, pelo amor de Deus. Eu
fiquei 28 anos lá dentro [do Congresso, como deputado]. Tem projeto que fica...
Tem projeto meu desde que eu assumi, em 1991”, disse.
Questionado se espera dificuldades
para aprovar o projeto de lei, Bolsonaro disse que haverá “reação da esquerda”
e, na sequência, defendeu prestigiar os policiais.
“Existe a reação da esquerda, os
falsos direitos humanos. Tudo é culpa, qualquer problema é culpa da polícia.
Nós já tivemos estados onde a polícia não foi para rua, viu a desgraça que
aconteceu. Nós temos que prestigiar o policial”, argumentou.
Promessa de campanha de Bolsonaro, o
projeto de lei estabelece que ações de militares das Forças Armadas e de agente
de segurança pública, durante operações GLO, serão consideradas “legítima
defesa” em casos de enfrentamento de prática de terrorismo ou de iminência
dessa prática, e condutas que possam causar morte ou lesão, como restrição de
liberdade com violência ou ameaça grave, e porte ou uso ostensivo de arma de
fogo.
Ao se deparar com esses casos, o
agente só poderá ser punido se cometer excessos de forma proposital, e não cabe
aí prisão em flagrante. Além disso, a pena ainda pode ser reduzida. O texto
também prevê que a Advocacia-Geral da União faça a defesa dos militares.
Caso Ágatha
Nesta terça-feira (19), Polícia Civil
do Rio de Janeiro concluiu que a menina Ágatha Félix, de oito anos, morreu
atingida por um tiro disparado por policiais militares no Alemão,
na Zona Norte do Rio.
Perguntado se no caso da menina
caberia o excludente de ilicitude, Bolsonaro explicou que o projeto apresentado
no Congresso fala especificamente de operações de Garantia da Lei e da Ordem
(GLO):
"O projeto nosso trata de GLO, e
quem estiver conosco nessa operação. Não é justo, por exemplo, citar um caso
das Forças Armadas. Um garoto de 20 anos de idade, torce pro Flamengo, tem sua
namorada. Numa operação GLO, acontece um imprevisto numa área urbana, que pode
acontecer, você submete a uma auditoria militar para pegar de 12 a 30 anos de
cadeia. Isso não é justo. É isso que está em jogo. Nenhum militar vai sair
cometendo absurdos em excesso. O possível excesso doloso tem punição",
disse no início da tarde desta sexta na saída de um evento na Escola de Comando
e Estado-Maior do Exército na Urca, Zona Sul do Rio.
Fonte:g1.globo.com
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